Autoimagem: por que é tão difícil me ver com leveza?

Muitas mulheres, em algum momento da vida adulta, passam a carregar um desconforto com o próprio corpo que vai além de uma questão estética. Não se trata apenas de não gostar de uma parte do corpo. Trata-se de uma sensação mais profunda e mais estrutural: a percepção de que aquela característica — seja o nariz, a barriga, a pele, os seios, ou qualquer outro traço — passou a definir completamente quem ela é. Como se todo o seu valor estivesse concentrado em uma imperfeição. Como se, de alguma forma, a sua dignidade como pessoa estivesse comprometida por aquilo que o espelho mostra e que ela gostaria de mudar.

Esse tipo de percepção não é vaidade. É uma experiência subjetiva real, que produz sofrimento, vergonha, insegurança e, muitas vezes, culpa. E, na grande maioria dos casos, essa relação distorcida com o corpo não nasce de um problema físico real, mas de um processo emocional e simbólico que foi se construindo ao longo do tempo.

Essa distorção fica evidente em um experimento simples, que você pode assistir abaixo:

O que o vídeo mostra — e o que ele revela sobre o olhar aprendido

No vídeo, crianças e adultos são convidados a responder à mesma pergunta: “Se você pudesse mudar alguma parte do seu corpo, o que mudaria?” As crianças respondem com espontaneidade e criatividade: gostariam de ter asas, superpoderes, dentes de tubarão, olhos de raio-x. Nenhuma criança manifesta insatisfação com a aparência. Elas tratam o corpo como espaço de invenção, não como um problema a ser resolvido.

Já os adultos hesitam. Alguns riem de forma constrangida. Outros abaixam o olhar. As respostas são objetivas e sempre ligadas à aparência: o nariz, a barriga, os dentes, as rugas. O tom muda completamente. O corpo, para o adulto, é visto como falha. Como motivo de vergonha. Como algo que precisa ser corrigido para que a pessoa possa se sentir aceitável.

Esse contraste revela um ponto fundamental: o olhar crítico sobre o corpo não é natural. Ele é aprendido. E esse aprendizado costuma começar cedo — na infância, ou no início da adolescência — por meio de experiências afetivas, sociais, familiares e culturais que marcam a forma como a pessoa começa a se perceber.

A construção do olhar distorcido: onde tudo começa

A criança nasce com uma experiência unitária do corpo. O corpo faz parte do brincar, do descobrir, do viver. Ele não é observado de fora, mas vivido de dentro. A partir do momento em que o corpo começa a ser alvo de comentários, comparações, julgamentos ou expectativas, essa relação muda.

Essas experiências podem ser explícitas, como críticas diretas ao corpo (“você engordou”, “isso não combina com você”), ou mais sutis, como elogios seletivos (“fulana é bonita porque é magra”) e padrões familiares (“ninguém da nossa família pode relaxar com o corpo”). Aos poucos, a pessoa passa a observar a si mesma como um objeto: uma aparência que precisa ser validada externamente.

Esse processo costuma se intensificar com experiências de rejeição afetiva, controle em relações abusivas, vivências de exposição precoce ou trauma. E, com o tempo, o olhar aprendido se internaliza. A mulher já não precisa de ninguém para julgá-la. Ela se julga o tempo todo.

A consequência: redução da identidade à aparência

Com o olhar deformado, o corpo deixa de ser expressão da pessoa e passa a ser obstáculo. A mulher passa a acreditar que é, essencialmente, aquilo que não gosta em si. Que todo o seu valor está condicionado a corrigir, esconder ou superar o que ela considera um defeito. Isso é o que chamamos de redução da identidade à forma.

Essa lógica não se sustenta apenas no campo estético. Ela tem efeitos profundos na autoestima, nos relacionamentos, na sexualidade, na vida profissional. Porque, uma vez que a pessoa acredita que não é boa o bastante por conta de uma característica corporal, ela começa a se comportar como se não tivesse nada a oferecer além disso.

Esse tipo de ferida não é superficial. E ela não se resolve com mudança de estilo, procedimentos estéticos ou frases motivacionais. Ela exige uma reconstrução mais profunda da percepção de si mesma — uma reconstrução que vai além da psicologia e que encontra, na teologia, uma resposta essencial.

O corpo como expressão da pessoa: o que diz a Teologia do Corpo

Segundo São João Paulo II, na série de catequeses conhecida como Teologia do Corpo, o corpo humano não é um apêndice da alma, nem uma estrutura neutra que pode ser moldada conforme a conveniência. O corpo é constitutivo da identidade da pessoa. Ele é o modo como a pessoa se torna visível no mundo.

“O corpo, de fato — e só ele — é capaz de tornar visível o que é invisível: o espiritual, o divino.”

(Teologia do Corpo, Catequese 19)

Essa visão é radicalmente diferente da cultura moderna, que separa corpo e pessoa, reduz o corpo a estética ou função, e condiciona o valor humano à aparência. Para João Paulo II, o corpo tem um significado teológico: ele comunica a interioridade. Ele revela a pessoa. Ele não é o que a mulher tem — ele é parte de quem ela é.

Por isso, quando uma mulher reduz sua dignidade a um detalhe do corpo que ela não gosta, ela está vivendo uma forma de esquecimento antropológico. Está se esquecendo da verdade mais fundamental: ela não é um nariz, uma barriga, uma falha. Ela é uma pessoa inteira — corpo e alma — com valor inegociável.

Não é o corpo que precisa mudar, é o olhar

A pergunta “o que você mudaria no seu corpo?” pode parecer inocente, mas ela revela o lugar que o corpo ocupa na percepção de identidade. Quando a resposta vem com dor, vergonha ou constrangimento, isso aponta para uma fratura que não é física — é simbólica.

A verdadeira transformação não acontece quando a mulher muda o corpo. Acontece quando ela reorganiza o olhar com o qual se vê. Quando ela recupera o sentido integral de si. Quando para de se enxergar por partes e volta a se reconhecer como pessoa.

Esse é o caminho que a Teologia do Corpo propõe. E é esse o caminho que, com escuta clínica e direção segura, nós ajudamos a construir.

A Jornada Ânima: Um Caminho de Reconexão

A Jornada Ânima é um processo psicoterapêutico desenvolvido especificamente para mulheres que, após experiências de dor, rejeição ou trauma, passaram a se sentir desconectadas de si mesmas — como se o corpo já não traduzisse quem elas são.

Nosso trabalho vai além do alívio temporário de sintomas. Através de um processo estruturado e respeitoso, promovemos uma reconstrução profunda da autoimagem, restaurando a percepção de dignidade e valor pessoal que foi comprometida ao longo do tempo.

Ao longo da jornada, muitas mulheres redescobrem não apenas a paz com suas imagens, mas uma nova forma de habitar seus corpos — não como objetos a serem constantemente avaliados, mas como expressão autêntica de quem realmente são.

Se você sente que perdeu o vínculo com a própria verdade, com a sua presença ou com aquilo que te torna inteira, talvez seja hora de dar o primeiro passo.

👉 Agende uma conversa inicial e descubra como a Jornada Ânima pode ser o início do seu processo de reconexão e libertação interior.

“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” João 8:32

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